[Quem casa, quer casa] – E cozinha…
Dando continuidade à nossa série de postagens em referência ao mês das noivas, dos amores, sabores e memórias: a cozinha
Mesmo com a popularidade dos aplicativos para comida e com a oferta, cada vez maior, de bons restaurantes na cidade, a boa e velha comidinha caseira ainda é soberana. Cheio de afetividade, o cômodo tem para cada pessoa um significado e uma memória diferente. Eu, particularmente, penso bastante no ambiente farto de amor e de sabores que era a cozinha de minha avó.
Ampla e com uma grande mesa, as cozinhas daquela época eram feitas para grandes famílias, com muitos filhos. E é justamente por não se constituírem famílias como antigamente, que já não se fazem cozinhas daquele jeito. Muito além do que se pode pensar, a cozinha é o espaço de uma casa que mais pode nos ajudar a compreender a evolução da sociedade.
De lá pra cá
Pouco antes do início da segunda metade do século passado, o boom da publicidade no mundo jogou luz a novos produtos e ajudou a transformar significativamente a imagem das grandes cozinhas com fogões a lenha e panelas de barro. Nessa época, fim da segunda guerra mundial, contou também com a consolidação da segunda revolução industrial e com um feminismo, ainda tímido, que começava a inserir a mulher no mercado de trabalho.
Casada, com filhos, trabalhando fora e até solteira mesmo depois de certa idade, essa mulher foi bombardeada pela propagação de novos utensílios domésticos, como o liquidificador, a batedeira e os novos modelos de fogão – bem mais parecidos com o que conhecemos hoje. Adicione a essa efervescência de novidades a popularização da eletricidade doméstica e pronto, estava feita a revolução. Na TV, os primeiros programas de culinária propagavam novas receitas e as práticas gastronômicas de diversos países começavam a dialogar.
Depois de um período sem grandes mudanças, os anos 80 trouxeram as cores para a cozinha. Com os azulejos, as diferentes formas também passaram a integrar o cômodo. As flores nas toalhas de mesa combinando com a capa do filtro e do botijão, os armários de fórmica turquesa, as geladeiras azuis e vermelhas e os fogões com asas, causam, até hoje, nostalgia em quem viveu a época. É nessa década que a profissão de decorador passa a ser mais comum.
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Os anos 90 também representaram uma grande transformação visual. As grandes famílias de que falei no começo do texto já não existiam e os ambientes foram ficando cada vez menores. A tecnologia passou nessa década a exercer uma força mais expressiva sobre esse cômodo.
Em 93, Universidade de Illinois, Building Research Council, surge o conceito do triângulo do trabalho da cozinha – que nos orienta até hoje. Nessa teoria, as principais funções (armazenagem, preparação e cozimento) devem estar dispostas nos vértices de um triângulo, de forma que essas funções sejam desempenhadas sem atrapalhar a outra, sem obstáculos.
A partir deste estudo outras orientações foram desenvolvidas, entre elas a One Way Gallery – todas as funções na mesma bancada – e a Two Way Gallery – duas bancadas paralelas em formato que ficam a critério do projetista.
A cozinha hoje
É possível que a noiva de hoje não tenha o apreço e o tempo para se dedicar que as de outrora tinham pela gastronomia e, justamente por isso, praticidade se tornou a palavra e ordem nesse cômodo.
Recentemente, desenvolvi um projeto de uma cozinha onde as três principais funções foram dispostas em L. O espaço permitiu entrarmos com uma mesa de refeição, configurando o espaço da copa. Os armários foram executados por uma loja especializada onde foram escolhidos o que tinha de melhor. Portas em alumínio, vidro pintado, detalhes madeirados, pastilha de vidro, bancadas em composto de resina, vidro e pó de pedra na cor amarela deram personalidade a esta cozinha. Todos os eletrodomésticos que a família necessitava foram posicionados de forma eficiente e segura, que é sempre uma preocupação quando pensamos um projeto para esse cômodo.
Dicas rápidas
• Posicione a geladeira ou bebedouro perto do seu acesso principal, evitando o trânsito em frente a forno e fogão.
• O móvel que receberá o forno requer muito cuidado no detalhamento. As áreas de exaustão e os espaços de circulação de ar devem ser rigorosamente respeitadas ou você terá problemas com a durabilidade do seu móvel.
• Todos os eletrodomésticos de embutir possuem manual de instalação. Antes de detalhar os armários que eles serão colocados, devemos estar atentos às recomendações dos fabricantes.
• Alguns imóveis já entregam a unidade com a cozinha tipo americana. Esse tipo de conceito nos leva a ter o cuidado maior na escolha dos materiais de revestimento, com o design e acabamento dos móveis. Afinal, está integrada completamente com o ambiente de estar.
É isso! Na semana que vem, a varanda é o ambiente que dá continuidade à nossa série. Me acompanhe nas redes sociais para ter mais dicas e na aba Projetos Online tenha sua cozinha reformada com apenas alguns cliques.