Arquitetura Universal e o conceito de casa inclusiva
Em um mundo que cada vez mais se abre para o diferente, é natural que diversos setores se adaptem para construir realidades mais abrangentes, contemplando as mais diversas formas de existir. Na Arquitetura, já há quase 50 que o conceito de Arquitetura Universal vem sendo trabalhado. Surgiu mais precisamente na década de 60 nos Estados Unidos e tem como principal objetivo tornar os ambientes inclusivos para idosos e pessoas com algum tipo de deficiência.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) definiu em 1985 os parâmetros normativos deste tema. Por aqui, principalmente no que toca a questão do urbanismo, o país tem tido uma legítima preocupação com essa área. Segundo dados do IBGE de 2015, 15% da população brasileira é composta por idosos. São 15 milhões de pessoas, que somados aos 25 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência chamam atenção para a urgência desta discussão.
Desde que a temática foi introduzida no mercado muita coisa mudou. Profissionais e clientes estão cada vez mais conscientizados. Podemos notar que alguns equipamentos urbanos estão se reinventando e trazendo soluções de adequabilidade. As grandes capitais brasileiras, como Fortaleza, já contam com pisos táteis, corrimões, rampas, pisos antiderrapantes e com percursos melhor iluminados.
Algumas construtoras também têm acenado com edifícios e projetos em geral mais inclusivos, preocupando-se com a distribuição de espaços, tamanho de banheiros, especificação apropriada de louças, uso de barras de apoio, largura de corredores, entre outros.
Pensar o ambiente interno da casa com esse conceito, é pensar que “menos é mais”. Se não podemos ter amplos espaços, escolhemos um layout mais enxuto, priorizando as circulações, portas largas, revestimentos acetinados, nada brilhante ou liso demais.
Outra dica é retirar da decoração itens que, apesar de estarem culturalmente embutidos em nosso conceito de beleza, podem se tornar obstáculos. No caso de idosos, evite tapetes, aposte em móveis ergonômicos, mantenha utensílios sempre na altura dos olhos e das mãos e aposte em ambientes claros e iluminados. Lembrando que no caso de cadeirantes, as bancadas e objetos devem estar mais baixos, mas ainda assim na altura dos olhos e ao alcance das mãos. Para todos os casos, é imprescindível dispor de barras de apoio em áreas molhadas e, se for o caso, nos ambientes de circulação também.
Necessidades e independência
Desenvolvi o projeto da residência de um cadeirante que me ensinou muito sobre o tema. Dois pedidos me marcaram de forma especial. O cliente queria que desenhasse um criado mudo resistente para o quarto, pois o ajudaria a passar da cadeira para a cama de forma mais independente. O outro pedido foi um piso elevado para o box, com altura adequada para ele passar para o lado de dentro sem ajuda, já que não tomava banho em cadeira. Também era necessária uma escada com corrimão para a esposa passar. Na ocasião, as duchas e os comandos do chuveiro foram readequados.
Seu principal hobby é cozinhar e outras recomendações foram feitas para a cozinha. Um ponto de atenção foram as definições de alturas de bancadas, assim como a disposição dos eletrodomésticos e a mesa. A escolha dos revestimentos também foi muito importante, assim como o layout de todos os ambientes e o desenho de todo o mobiliário, já que todo o pavimento térreo deveria ser 100% acessível.
Assim como no caso desse cliente, o conceito de Arquitetura Universal tem como principal objetivo conferir mais independência à idosos e deficientes físicos. Hoje, já há inclusive um discreto movimento que se apropria das normas de Arquitetura Universal para projetos em geral.
Tem idosos ou pessoas com deficiência em casa? Me conte nos comentário como é a experiência com os espaços e que tipo de adequação teve de ser feita. Se você acha que está na hora de se adaptar a esse conceito, mas não tem tempo para obra acesse a ferramenta Projetos Online e faça um orçamento. Nas redes estarei dando outras dicas sobre o tema. Te espero lá.