O que aprendi com o projeto de um espaço gastronômico

A cozinha tem muito a ensinar. E não só para Chefs e cozinheiros

As cores são primordiais para envolver o cliente em uma atmosfera que lembre o consumo do café.

Em tempos de MasterChef, as noções de respeito e a própria rotina em uma cozinha nunca foram tão conhecidas pelo público em geral. Esses programas, de grande audiência nas TVs aberta e fechada, deram um gás todo especial a esse mercado já pulsante e fizeram também com que os apreciadores da boa gastronomia ficassem cada vez mais exigentes.

Sempre que faço um projeto comercial tento entender todos os serviços ou produtos que serão oferecidos. Para projetos de restaurantes ou cafés, fico atenta ao que motivou o cliente a ter esse tipo de negócio, quais são o pratos servidos e as referências dentro da área.

Para mim, o coração de um restaurante é a cozinha. Sempre começo o projeto por lá. É importante que, pelo menos nesse momento, sejam envolvidas o máximo de profissionais possível na concepção do ambiente mais sagrado para a gastronomia. Proprietário, Chef de cozinha, empresa de cozinhas industriais, construtores, consultores e afins. Só depois de finalizada a cozinha, começo a desenvolver a área destinada a receber, o salão. São as referências que o cliente me passou que me nortearão nessa etapa.

Na fachada, um trabalho visual e a varanda que remete a tradição de mesas na calçada, porém com uma cobertura adptada ao sol cearense

Foi dessa forma que trabalhei, há alguns anos, no desenvolvimento do projeto do Caffé Castagno. A cliente, muito querida, me presenteou com uma bagagem de conhecimento incrível. Fomos conhecer as suas referências de cafeteria no Rio, São Paulo e Curitiba. Voltei minha atenção à detalhes que não percebemos como meros consumidores. Além do espaço físico, entendemos diferenciais que vão desde a origem do café e sua forma de armazenagem, até o preparo e à sua apresentação.

De volta a Fortaleza, procuramos dar o clima dos cafés visitados, acrescentando um toque regional em uma larga e aconchegante varanda coberta, para proteger do nosso sol cearense. Os espaços internos foram trabalhados com cimento queimado, ladrilho hidráulico e madeira. Trabalhei três cores diferentes em parede e teto. Tons que lembram chocolate, café com leite e cappuccino. Tudo para tornar o ambiente aconchegante e marcar a identidade do lugar. Pela impossibilidade de intervir fisicamente no prédio, realizando uma intervenção arquitetônica, a fachada foi totalmente envolvida pelo trabalho desenvolvido por um design gráfico.

Aqui, um outro exemplo de projeto no mesmo estilo, o Balcão Bar

Esta experiência como um todo me fez perceber que o projeto de um ambiente gastronômico envolve muitos setores, profissionais; e exige uma atenção imensa da minha parte. A investigação e a conversa com o cliente também são primordiais para que a arquitetura faça seu papel de atender ao bom funcionamento de todas as funções específicas da atividade e para que encante os sentidos dos clientes finais que irão passar por ali.

Te espero na semana que vem com mais um texto aqui no blog. Não se esqueça também de me acompanhar pelas redes sociais. Durante a semana dou outras dicas sobre projetos nessa linha. Te espero lá.

david

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